Open Banking: Bancos já fazem quase 100 milhões de interações por mês para compartilhar dados de clientes

Sistema do Banco Central completa um ano nesta terça-feira e ainda terá novidades. Troca de informações se intensificou no fim do ano passado


quarta-feira fevereiro 2, 2022

O Open Banking, que completa um ano nesta terça-feira, é considerado um sucesso por especialistas e integrantes do mercado.

O sistema, que possibilita o compartilhamento de dados de clientes para várias instituições financeiras e promete entregar facilidades, como juros mais baixos, começou a ganhar tração no final do ano passado.

Segundo dados da Open Banking Brasil, organização que reúne os participantes do sistema, o número de “chamadas de API”, ou seja, comunicações bem-sucedidas entre duas instituições diferentes, passou de 12,7 milhões em novembro para 84,4 milhões em dezembro. Já em janeiro o número foi ainda maior, de 96,3 milhões.

A comunicação entre instituições pode ser o próprio compartilhamento de dados ou um pedido de autorização de acesso a essas informações, por exemplo.

Nic Marcondes, partner da Quanto, plataforma de Open Banking, explica que esse crescimento no final de 2021 está relacionado a maneira como as instituições financeiras passaram a oferecer o serviço para os clientes.

— A gente vê que foi muito mais direcionado para o final do ano, quando apareceu o botão de Open Banking ou “conecte suas contas” para todo mundo — explicou.

Outro ponto que ajudou no crescimento foram as propagandas patrocinadas por grandes bancos, como Itaú e Banco do Brasil. As peças tentam explicar o que é o Open Banking e chamar o público para compartilhar seus dados.

Segundo Marcondes, o Open Banking já é uma realidade. Em alguns casos, ele relata, o sistema já auxiliou pessoas que estavam em busca de crédito a obter o empréstimo. Uma das empresas que é cliente da Quanto, que não pode ter o nome revelado por questões comerciais, registrou um aumento de 28,8% nas aprovações de crédito em agosto de 2021 comparando quem utilizou o Open Banking e quem não.

— Vimos um índice de aprovação aumentando em quase 29% só pelo fato de a instituição ter esses dados do Open Banking — relatou.

Milene Fachini Jacob, sócia da área de fintechs do Baptista Luz Advogados, já vê um impacto do Open Banking no mercado, principalmente sobre a competição para oferecer mais serviços aos clientes.

Do lado do usuário, a advogada conta que clientes com histórico financeiro melhor já estão conseguindo taxas mais atrativas em empréstimos.

— O cliente é premiado com taxas melhores quando ele tem histórico melhor, obviamente, como todo o mercado de crédito. O ranking funciona de forma a premiar o que tem escore maior. A gente vê isso hoje já acontecendo na prática — disse.

Fonte: O Globo