LUCRO DOS BANCOS BATE RECORDE E SOMA R$ 144 BILHÕES EM 2023, APONTA BANCO CENTRAL
Santander, Itaú e Bradesco na disputa contra a concorrência dos bancos digitais
segunda-feira junho 10, 2024
Informações constam do Relatório de Economia Bancária de 2023. Recorde foi registrado em ano de juros básicos em alto patamar. Governo pressiona pela redução da Selic.
O lucro líquido dos bancos subiu para R$ 144,2 bilhões em 2023, e bateu novo recorde histórico, informou nesta quinta-feira (6) o Banco Central. Em 2022, o lucro das instituições financeiras foi de R$ 139 bilhões.
(ATUALIZAÇÃO: Em um primeiro momento, o Banco Central divulgou que os bancos registraram lucro de R$ 145 bilhões no ano passado. Posteriormente, a instituição detalhou o dado, informando que o lucro foi de R$ 144,2 bilhões. A informação foi corrigida nesta reportagem às 12h02 desta quinta-feira).
O aumento do lucro das instituições financeiras ocorreu em um ano no qual a taxa básica de juros da economia, fixada pelo Banco Central para conter a inflação, ficou em 13,75% ao ano até meados junho do ano passado – um patamar elevado, em termos reais, na comparação internacional.
A taxa Selic começou a cair somente em agosto de 2023, terminando o último ano em 11,75% ao ano, nível ainda alto na comparação internacional.
“Ao longo de 2023, o retorno do crédito aumentou, influenciado pelo peso das safras recentes nas receitas de crédito contratadas a taxas mais altas. O custo de captação também se elevou no período, mas apresentou redução no quarto trimestre em decorrência da queda da taxa Selic a partir de agosto”, informou o BC.”
O BC goza de autonomia em sua atuação, sendo que o atual presidente, Roberto Campos Neto, foi indicado por Jair Bolsonaro.
A instituição diz que seu papel, na fixação da taxa de juros, é técnico, e busca conter a inflação.
Em seus documentos, o BC informa que um patamar mais alto de inflação prejudica, principalmente, a população de baixa renda.
Segundo o Banco Central, a elevação da margem bruta de lucro das instituições financeiras “tende a continuar à medida que os efeitos da queda da taxa Selic permaneçam reduzindo o custo de captação de forma mais rápida que o retorno do crédito”.
A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em maio, registrou divisão na diretoria do Banco Central sobre o ritmo de corte da taxa de juros – o que gerou nervosismo no mercado financeiro.
À ocasião, o Copom decidiu reduzir o ritmo de corte da taxa Selic – que caiu 0,25 ponto percentual, de 10,75% para 10,50% ao ano.
Entenda o que ocorreu:
- Quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) votaram por um corte maior nos juros, de 0,5 ponto percentual, para 10,25% ao ano, mas foram voto vencido.
- Quatro diretores mais antigos e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, formando uma maioria, optaram por uma redução menor na taxa Selic.
- O “racha” no Copom teve efeito negativo no mercado financeiro no dia seguinte. A bolsa de valores caiu, enquanto o dólar e os juros futuros avançaram.
- O temor do mercado é que a diretoria do BC indicada pelo presidente Lula – com maioria no Copom a partir de 2026 –, possa ser mais leniente com a inflação, em busca de um ritmo maior de crescimento da economia. (Fonte: g1)