PRÉVIA DA INFLAÇÃO TEM ALTA DE 0,44% EM MAIO, MAIOR RESULTADO PARA O MÊS DESDE 2016
Aumentos na energia elétrica e dos medicamentos pesaram no IPCA-15, que acumula avanço de 7,27% no período de 12 meses (Por Daniela Amorim e Thaís Barcellos) -
quarta-feira maio 26, 2021
A prévia da inflação oficial no País desacelerou de 0,60% em abril para 0,44% em maio, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgados nesta terça-feira, 25, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado surpreendeu positivamente analistas do mercado financeiro, que estimavam uma alta mediana de 0,54%, de acordo com o Projeções Broadcast. No entanto, o resultado ainda foi o mais elevado para o mês desde 2016. Como consequência, o IPCA-15 acumulado em 12 meses avançou de 6,17% em abril para 7,27% em maio.
Para o economista João Fernandes, sócio da gestora de recursos Quantitas Asset, os preços dos serviços foram contidos pelas medidas restritivas anticovid, em vez de mostrarem recomposição em meio à reabertura gradual da economia. Apesar da avaliação de inflação ainda pressionada, a projeção da Quantitas para o IPCA de 2021 deve cair de 5,70% para cerca de 5,60%.
“Não mudo a minha visão de inflação alta este ano. É uma situação difícil para formuladores de política no mundo todo. Mantivemos a expectativa de taxa Selic (taxa básica de juros) a 6,50% em dezembro”, disse Fernandes.
Também houve revisões para cima nas estimativas para o IPCA deste ano após a divulgação da prévia de maio: o banco britânico Barclays subiu sua projeção de inflação de 5,20% para 5,40%, enquanto o Banco Safra elevou de 5,10% para 5,60%. Segundo economistas, o quadro inflacionário não demonstra descontrole, mas requer atenção.
Em maio, houve pressão do aumento de 2,31% na energia elétrica, item de maior impacto individual no IPCA-15 do mês, uma contribuição de 0,10 ponto porcentual. A bandeira tarifária vermelha patamar 1 passou a vigorar em maio, acrescentando R$ 4,169 à conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos, depois de quatro meses seguidos de bandeira amarela, que cobrava um extra de R$ 1,343, justificou o IBGE. Houve reajustes ainda nas contas de luz de Fortaleza, Salvador e Recife.
O gás de botijão também subiu em maio, 1,45%, o 12º mês consecutivo de aumentos. As famílias brasileiras também gastaram 1,23% mais com saúde e cuidados pessoais. O avanço foi impulsionado pela alta dos produtos farmacêuticos (2,98%), devido ao reajuste de 10,08% nos preços dos medicamentos autorizados pelo governo a partir de 1º de abril. A gasolina ficou 0,29% mais cara em maio, acumulando uma alta de 41,55% nos últimos 12 meses.
“O movimento do IPCA deve continuar sendo direcionado pelos preços administrados. Por um lado, a incorporação da bandeira tarifária patamar vermelha 1 deve manter as pressões de alta sobre o grupo habitação. Além disso, é esperado que os preços de combustíveis acelerem na margem, após a deflação do mês anterior”, escreveu Marcio Milan, analista da Tendências Consultoria Integrada.
Energia elétrica
Alta na energia elétrica contribuiu com o maior impacto individual no IPCA-15. Foto: Marcelo Min/Estadão
Os consumidores também pagaram mais por itens de vestuário e alimentação em maio. As carnes subiram 1,77%, acumulando uma alta de 35,68% nos últimos 12 meses, enquanto o tomate aumentou 7,24%.
Por outro lado, o recuo de 28,85% nas passagens aéreas – a grande surpresa do índice de maio – reduziu o gasto das famílias com transportes. Os preços das tarifas aéreas recuaram em todas as áreas pesquisadas: a queda menos intensa foi a de 10,90% registrada em Belém, enquanto a mais aguda foi de 37,10% verificada em Brasília.
O resultado do IPCA-15 mostrou preços de serviços mais baixos e de industriais, mais altos, aumentando a diferença entre os dois grupos, que tem sido a tônica na pandemia de covid-19, destacou o economista Leonardo França Costa, da gestora de recursos ASA Investments.
“Potencialmente, ainda está registrando desequilíbrios da pandemia”, afirmou França Costa, que calcula um recuo de 0,38% nos preços dos serviços, mas alta de 1,00% nos bens industriais.
O economista da ASA Investments aponta surpresa com o forte efeito da segunda onda de covid-19 sobre os preços dos serviços, sobretudo porque os dados de atividade econômica já divulgados mostravam maior resiliência diante do recrudescimento da doença e das consequentes medidas de isolamento social. Por outro lado, os preços industriais vieram mais fortes, em linha com indicadores antecedentes sobre o comportamento positivo das vendas no Dia das Mães. (Fonte: Estadão)
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