Movimento sindical cobra aumento real e maior reajuste no VA e VR
Ontem (3), o movimento sindical se reuniu com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) na sétima rodada de negociação desta campanha salarial 2022.
quinta-feira agosto 4, 2022
Sobre as cláusulas econômicas, entre as principais demandas da categoria está a reposição da inflação, com aumento real de 5%, além de aumento maior para os vales refeição (VR) e alimentação (VA).
Segundo a representação dos bancos, existe dificuldade para aumento maior do VA e VR porque o governo alega que os bancos usam os vales para aumentar a remuneração da categoria sem que haja possibilidade de tributar os valores.
Desde 2017, as despesas dos bancos com pessoal caíram 15% em termos reais. A remuneração média da categoria caiu 2% em termos reais desde 2014, o que, somada à redução do emprego, levou a uma redução na massa salarial do setor de 20% desde 2014. Se considerado um período maior, desde 2004, quando a categoria passou a obter ganhos reais nos salários, a remuneração média dos bancários cresceu 12%. No mesmo período, o lucro dos bancos aumentou 222%.
O movimento sindical argumenta que se observarmos o histórico de aumentos reais garantidos pela CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) da categoria, veremos que a soma chega a 23% de aumento real entre 2004 e 2019, mas quando olhamos a base de dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), a remuneração média dos bancários subiu 12% em termos reais. “Este descompasso mostra que os reajustes da categoria não foram de fato incorporados aos seus salários”, explicou o economista Gustavo Cavarzan, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
RENTABILIDADE DOS BANCOS
Dados da Economática mostram que os bancos foram o setor econômico com maior lucro líquido entre as empresas de capital aberto (com exceção de Vale e Petrobrás) em 2021, com quase o dobro do resultado do segundo setor econômico mais lucrativo, que foi o de energia elétrica. Se consideradas 1.038 empresas de diferentes tamanhos, de 29 setores econômicos, os bancos ficam com a sexta maior rentabilidade setorial (de 18%) em 2019 (sem efeitos da pandemia portanto), quase empatados com o segundo colocado, que apresentou índice de 20%. No entanto, quando a análise leva em conta apenas empresas com tamanho similar ao dos bancos, a rentabilidade bancária passa para a primeira colocação.
“A rentabilidade média dos bancos, desde 2003, fica invariavelmente muito acima da inflação. Nos últimos 5 anos ficou, em média, 3,2 vezes acima do IPCA”, informou Cavarzan. “Em 2021, a rentabilidade dos maiores bancos no Brasil ficou quase cinco pontos percentuais acima da rentabilidade dos maiores bancos nos EUA”, completou.
Segundo Cavarzan, o resultado tem a ver com o fato de que o Brasil teve o terceiro maior spread bancário do mundo em 2021, 20 pontos percentuais acima da média de América Latina e Caribe. O spread bancário no Brasil só fica atrás do de Zimbabué e de Madagascar.
Os bancos brasileiros têm concentrado o crédito nas linhas mais caras, com juros mais elevados. Nos últimos 12 meses, o rotativo do cartão de crédito subiu 56%, o crédito pessoal não consignado, 43%, e o cheque especial, 26%. As taxas de juros anualizadas destas linhas são de 355%, 83% e 133%, respectivamente.
“O resultado é um aumento no endividamento das famílias, que chegou a 52,6% da renda acumulada em 12 meses, e o comprometimento mensal da renda com o serviço da dívida com o setor financeiro chegou a 28% da renda das famílias”, disse. Do total de famílias brasileiras, 77% estão endividadas, 29% com dívidas em atraso e 11% não terão como pagar as dívidas.
8ª RODADA DIA 8
Na reunião de ontem foram tratadas todas as cláusulas econômicas da minuta, exceto as sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e sobre a remuneração variável, que estarão na pauta da próxima reunião, a oitava rodada, que será realizada na segunda-feira (8), às 14 horas. (Fonte: Feeb/PR)