UMA BREVE HISTÓRIA DA DIGITALIZAÇÃO DOS BANCOS NO BRASIL
ENTENDA A NOVA REALIDADE DO MERCADO FINANCEIRO E BANCÁRIO NA ERA DA ECONOMIA DIGITAL E O PAPEL DAS FINTECHS EM MELHORAR A EXPERIÊNCIA DOS CLIENTES.
segunda-feira maio 24, 2021
Os setores financeiro e bancário mudaram muito nas últimas décadas com a chegada da transformação digital e a nova realidade da economia do mundo. Serviços financeiros do dia a dia, soluções de investimento, sistema da bolsa de valores, soluções corporativas, tudo isso se digitalizou e agora vivemos uma nova realidade.
É a realidade da era digital, em que instituições financeiras tradicionais e startups – as Fintechs – coexistem e competem pela atenção e pela movimentação financeira da população brasileira.
Mas o fato é que, neste início de século 21, estamos vendo uma evolução do sistema bancário e financeiro brasileiro. E isso se deve a uma série de soluções digitais que visam melhorar a vida dos clientes, personalizando desde o atendimento até mesmo os tipos de investimento que ele faz.
QUANDO A DIGITALIZAÇÃO DOS BANCOS SE INICIOU?
Para entender o momento atual de digitalização, é importante olhar para o passado. No caso do Brasil, um passado bastante recente: há pouco mais de 50 anos tivemos o lançamento do primeiro cartão de crédito – em 1968 -, e do primeiro caixa eletrônico – em 1983.
Foi nessa época que as instituições financeiras e bancárias brasileiras começaram a se digitalizar, com a introdução dos Caixas Eletrônicos em suas agências e de sistemas internos também digitais que poupavam muitas horas de trabalho dos funcionários. Além disso, tornava as agências praticamente 24h.
Foi uma verdadeira revolução, tanto para os bancários quanto para os clientes. Anúncios e campanhas publicitárias começaram a divulgar a ideia de agências bancárias eletrônicas funcionando dia e noite no Brasil.
Essa foi a primeira onda da digitalização que remodelou o funcionamento dos bancos no país e fez os clientes entenderem a nova lógica das instituições bancárias. Outras inovações vieram, como o surgimento do boleto bancário, no começo dos anos 1990, e da Transferência Eletrônica Disponível (TED), no princípio dos anos 2000. Mecanismos como esses tornam o sistema bancário brasileiro um dos pioneiros na adoção de tecnologias digitais.
Por aqui, a transformação digital de sistemas bancários e de investimentos passa também por outras ferramentas e tecnologias. Ainda que já façam parte do cotidiano dos brasileiros, continuam representam grande avanço no segmento, como a automação de processos – o débito automático é um exemplo disso -; e principalmente a criação de aplicativos móveis – uma onda que impulsionou a criação de diversos bancos e instituições financeiras digitais.
SURGIMENTO DAS FINTECHS
Os brasileiros passaram cerca de 3 horas e meia, em média, utilizando aplicativos em 2019, um índice 35% maior do que em 2017 e que tende a continuar crescendo com a pandemia.
Não à toa, o número de transações bancárias via mobile também vem crescendo e representa quase metade – são 44% – das 89,9 bilhões de operações feitas no Brasil em 2019.
Isso tem tudo a ver com o surgimento e popularização das fintechs. Praticamente todas as Fintechs se destacaram no formato mobile. Em outras palavras, iniciaram sua entrega de soluções inovadoras para o mercado financeiro e bancário por meio de aplicativos móveis.
Essa entrega via mobile iniciou uma disparada na criação de aplicativos de alta qualidade para as instituições bancárias mais tradicionais. Todas elas já tinham protótipos de aplicativos, mas ainda enxergavam a onda mobile como algo distante do público brasileiro.
No começo dos anos 2010, quando surgiram os primeiros bancos digitais no Brasil, o universo mobile nacional ainda era restrito a uma pequena parcela da população. A presença dos smartphones ainda não era tão difundida como é hoje.
Mesmo assim, as instituições financeiras exclusivamente digitais chegaram com diferenciais agressivos para a época, como cartão de crédito sem anuidade e conta corrente totalmente gratuita. Ainda que não fosse uma inovação de fato, pois bancos digitais com essa proposta já existiam em outros países, essa abordagem representou uma gigantesca disrupção para o setor bancário brasileiro.
Os bancos já consolidados viram um crescimento vertiginoso desses bancos digitais, que ofereciam basicamente todos os seus serviços principais de forma gratuita. Entre eles, transferências entre contas, DOCs e TEDs, alguns tipos de investimento, rendimento acima da Poupança na própria conta corrente, com a mesma liquidez. Tudo isso modificou drasticamente o cenário.
Outra movimentação das Fintechs foi a de criar serviços financeiros e de investimentos mais acessíveis a uma parcela da população interessada em investir, mas que ainda não se sentia preparada. É um público que olhava para os custos dos serviços de investimento dos bancos como algo tornava investir algo fora da sua realidade.
Esse é provavelmente o grande foco das fintechs: a experiência do consumidor. Para muitas pessoas, resolver questões bancárias sempre foi algo complicado, demorado e que, preferencialmente, deveria ser evitado.
Os bancos digitais focaram exatamente nessa dor e criaram uma experiência do usuário transparente e com um canal de comunicação direto, consertando os gargalos que as instituições mais convencionais enfrentavam.
Isso gerou uma fidelidade dos correntistas com relação aos bancos digitais. E o posicionamento desses bancos foi o de continuar entregando soluções mais inovadoras, mesmo com milhões de clientes e uma fila de espera para utilizar os serviços.
PANDEMIA AUMENTOU O USO DOS SERVIÇOS DIGITAIS
A pandemia do Coronavírus mudou bastante nossa realidade e impôs o distanciamento social. Com isso, muita gente recorreu às plataformas e aplicativos digitais dos bancos para resolver pendências do dia a dia.
Diversos bancos privados tradicionais do país também viram um aumento na abertura de contas digitais pela internet. O fato é que esse novo cenário trouxe mudanças importantes e encurtou em alguns anos o processo de digitalização dessas instituições financeiras.
Já destacamos acima: a maioria dos bancos já possuía serviços digitais, mas seus correntistas ainda estavam começando a utilizá-los e a se familiarizar com esse tipo de tecnologia, principalmente o acesso da conta via smartphone.
O BTG Pactual, por exemplo, lançou o BTG Digital, divisão de serviços digitais do Banco em setembro de 2016, mas foi só em 2018 que ganhou a atenção que realmente estava sendo prevista. Com a pandemia, a tendência de uso deve aumentar, assim como o valor de mercado dessa divisão, que agora também conta com o BTG+, para clientes pessoa física.
O QUE VEM POR AÍ NO SETOR BANCÁRIO E FINANCEIRO
Muitas outras mudanças no setor bancário e financeiro brasileiro ainda estão nessa agenda de digitalização que não tem mais volta. O processo se iniciou, e agora o real papel do regulador é garantir que esse processo ocorra o mais cedo possível e com segurança, como aponta o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, João Manoel de Mello.
Diante dessa afirmação, os bancos e fintechs já possuem algumas inovações tecnológicas para modificar ainda mais o setor. O lançamento do PIX, marcado para novembro de 2020, é um dos principais exemplos.
Trata-se de um sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, que vai permitir transações financeiras super rápidas – em menos de 10 segundos – para pessoas físicas e pessoas jurídicas.
Outro ponto essencial dos próximos passos desses setores é que a maioria dessas empresas vai trabalhar pesado na personalização do atendimento e da experiência do usuário com a marca e com os serviços oferecidos.
Design e tecnologia continuarão sendo os grandes motores do desenvolvimento de soluções financeiras dos próximos anos, mas agora focando também na criação de algoritmos para otimizar a entrega de empréstimos, pacotes de investimento, ou também uma consultoria sobre como economizar uma grana no mês para fazer um investimento.
A maior tendência está em trabalhar com soluções preditivas que ajudem o cliente na relação dele com o próprio dinheiro. Isso explica o movimento de rebranding de boa parte dos bancos mais tradicionais para um posicionamento mais humano e empático das marcas. (Fonte: Decod HUB)