Brasil cria quase 197 mil empregos formais em abril, abaixo do mesmo período do ano passado

Dado é melhor que o mesmo mês do ano passado, quando foram geradas 89,5 mil vagas formais


terça-feira junho 7, 2022

A economia brasileira gerou 196.966 empregos com carteira assinada em abril deste ano, informou nesta segunda-feira, 6, o Ministério do Trabalho e da Previdência Social, na atualização dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Em abril, foram criados 1,85 milhão de empregos formais, ao mesmo tempo em que 1,66 milhão de trabalhadores foram demitidos. Na comparação com o mesmo mês de 2021, o dado foi melhor, pois foram geradas 89,5 mil vagas formais no ano passado.

Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho no Brasil, Luciano Rostagno, os números de abril mostram  tendência de desaceleração do mercado de trabalho na esteira do arrefecimento da atividade .  “Embora o dado tenha sido bastante positivo, o que a gente vê é que a capacidade de geração de postos de trabalho vem diminuindo”, disse.

Rostagno reforça que os números de abril ainda estão sob a influência de dois vetores positivos – a reabertura da economia e os estímulos fiscais de liberação do FGTS, pagamento do Auxílio Brasil e reajuste do salário mínimo -, que favoreceram o bom desempenho dos serviços. À frente, a tendência é de que a desaceleração da atividade leve a saldos mais moderados, afirma.

“O setor de serviços continua liderando a recuperação, mas começa a dar sinais de que o ritmo de crescimento tende a diminuir. A tendência é que o PIB do primeiro trimestre (1,0%) tenha marcado a melhor taxa de crescimento da economia no ano e que, daqui para a frente, a atividade vá desacelerar”, disse Rostagno, que prevê alta de 0,5% do PIB do segundo trimestre.

Nos cálculos do  economista da LCA Consultores Bruno Imaizumi, a geração de vagas  desacelerou de 209 mil em março para 108 mil em abril, com ajuste sazonal (ou seja, uma compensação para comparar meses diferentes).

“Observamos que o ritmo de admissões e de demissões foi um pouco menor em relação ao mês anterior. Essa desaceleração já era esperada, porque 2021 tinha mais espaço para criação de vagas”, explica. “Para um aumento adicional, o Brasil vai depender mesmo é do crescimento neste ano. Por mais que tenha melhorado a expectativa, uma expansão de 1,6% do PIB não vai trazer grandes melhorias.”

De janeiro a abril, foram criadas 770,6 mil vagas de emprego formal. O número é menor que o registrado no mesmo período de 2021, quando o saldo anunciado foi de 894,7 mil empregos.

O Caged trata apenas do mercado formal, com carteira. Já o mercado de trabalho brasileiro é formado, na sua maior parte, pelo trabalho informal – daí a diferença com os números do IBGE.

Desde 2020, o uso do Sistema do Caged foi substituído pelo Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) para as empresas, o que traz diferenças na comparação com resultados dos anos anteriores.

Os dados do Caged podem ser revisados até um ano após novas demissões e contratações. No ano passado, no fim de janeiro, o Ministério da Economia divulgou que em 2020 as admissões haviam superado as demissões em  142.690 empregos no ano passado. Em novembro, porém, depois das revisões, os dados apontaram para destruição de 191.502 vagas, ao contrário do que o governo alardeou durante todo o ano.

Setores
A abertura de  vagas de trabalho com carteira assinada em abril foi novamente puxada pelo desempenho do setor de serviços no mês, com a criação de 117.007 postos formais, seguido pelo comércio, que abriu 29.261 vagas.

Já a indústria geral criou 26.378 postos com carteira assinada em abril, enquanto houve um saldo de 25.341 contratações na construção civil. Por outro lado, na agropecuária foram fechadas 1.021 vagas no mês.

No quatro mês do ano, em 25 das 27 Unidades da Federação registraram resultado positivo no Caged. O melhor desempenho foi novamente registrado em São Paulo, com a abertura de 53.818 postos de trabalho. Em contrapartida, o maior fechamento líquido de postos de trabalhos formais em abril foi registrado em Pernambuco, com saldo negativo de 807 vagas. (Fonte: Estadão)