Com país mergulhado em crise, bancos brasileiros lucraram R$ 90,5 bilhões em 2021
sexta-feira fevereiro 18, 2022
- Ao mesmo tempo, renda do trabalhador caiu em 11,4% de acordo com o IBGE;
- Valor representa lucro dos quatro maiores bancos brasileiros, Itaú, Santander, Banco do Brasil e Bradesco;
- Aumento pode ser explicado pela elevação das taxa de juros cobradas
O ano de 2021 representou para muitos cidadãos brasileiros uma grande queda em sua qualidade de vida e no seu poder de compra, muito em parte devido à alta vertiginosa da inflação.
A subida de preços aconteceu em todos aspectos da vida, os combustíveis ficaram mais caros, os alimentos encareceram, o custo da energia subiu com o uso das termelétricas, e as importações sofreram elevações no preço devido ao câmbio do dólar.
Nesse mesmo tempo, no entanto, os grandes bancos brasileiros acumularam um lucro de R$ 90,5 bilhões.
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Esse valor foi calculado a partir dos relatórios de lucros divulgados pelos quatro maiores bancos do país, Santander, Itaú, Banco do Brasil e Bradesco.
O Itaú, por exemplo, divulgou um lucro de R$ 26,8 bilhões. O Santander fechou o ano com um lucro de R$ 16,3 bilhões. Por sua vez, o Banco do Brasil apresentou R$ 21 bilhões em lucro, enquanto o Bradesco comunicou R$ 26,2 bilhões de lucro em 2021.
Ao todo, esse valor representa uma alta de 38,4% e figura entre os maiores lucros na série histórica desses bancos. Em primeiro lugar está o ano de 2019, quando os bancos apresentaram um lucro de R$ 93,7 bilhões.
De acordo com alguns especialistas, essa máxima pode ser explicada pela retomada das atividades econômicas com a liberação das restrições da pandemia. Entretanto, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda média do trabalhador brasileiro caiu 11,4% no mesmo período, o que contraria essa explicação.
Explicação pode estar no aumento dos juros
O aumento da Selic, praticado durante quase todo o ano de 2021 pelo Banco Central, pode estar por trás desse grande aumento de lucros bancários. Em março de 2021, a Selic estava em 2% ao ano, em dezembro ela chegou a 9,75% e no início deste ano foi aumentada novamente para 10,75%.
A taxa é conhecida como a taxa básica de juros da economia, pois seu valor é utilizado para reajustar os juros de todas modalidades de crédito, como os oferecidos pelos bancos a pessoas físicas e jurídicas.
Geralmente, o aumento dos juros é a medida mais indicada pelo mercado financeiro para o combate à inflação. A ideia por trás é desestimular o consumo, visto que faz sentido financeiro deixar o dinheiro guardado. Com a baixa oferta e a demanda mantida igual, espera-se que os preços caiam para atrair os clientes novamente.
No entanto, a medida também tem muito o que beneficiar os próprios bancos, que podem aumentar os juros cobrados nos empréstimos.
De acordo com o Procon-SP, só em fevereiro os bancos aumentaram suas taxa de juros em 2%, o dobro do que foi aumentada a Selic. Já os juros médios de empréstimos pessoais estão em 115,20% ao ano, enquanto os juros médios do rotativo do cartão de crédito podem chegar a 150,59% ao ano.
Para piorar, no longo prazo a alta dos juros não causa uma recuperação econômica, pois acarreta em menores investimentos em novas atividades econômicas, visto que a captação de recursos nos bancos fica mais cara.
Fonte: Yahoo