BNDES decide voltar ao trabalho presencial a partir de 1º de setembro

Segundo o banco, plano prevê retorno gradual, de acordo com a imunização dos funcionários; empregados reclamam de procedimentos anunciados, como a falta de exigência de comprovar a vacinação para acessar os escritórios (Por Vinicius Neder)


segunda-feira agosto 9, 2021

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai retomar o trabalho presencial a partir de 1.º de setembro. No fim da tarde de quinta-feira, 5, a diretoria da instituição de fomento fez uma apresentação online aos empregados sobre o plano de volta.

A ideia é que quase todos os 2,5 mil funcionários retornem aos escritórios, a maioria no edifício-sede, no centro do Rio, após completarem sua vacinação. Alguns funcionários criticaram os procedimentos anunciados, conforme relatos obtidos pelo Estadão.

Entre as reclamações, se destacam a falta de exigência de comprovar a vacinação para acessar os escritórios – o que serviu até para inspirar “memes” que circularam entre empregados – e a falta de um plano para adotar um sistema híbrido, com trabalho presencial em alguns dias e remoto em outros, permitindo rodízio entre os funcionários.

Por escrito, o BNDES informou que o plano “prevê o retorno ao trabalho presencial, de forma gradual, a partir de 1.º de setembro e de acordo com a imunização dos funcionários”.

“O retorno gradativo se dará após o atendimento dos empregados pelo Plano Nacional de Imunização e sua proteção vacinal. Essa condição, em conjunto com as medidas adotadas e o Protocolo de Prevenção ao COVID-19 do BNDES, confere segurança ao empregado e não requer a implementação do trabalho híbrido”, diz a nota enviada pelo banco.

A nota confirma que, para acessar as dependências do BNDES, “não será exigido comprovante de vacinação”, mas ressalta que “a vacinação prevista no Programa Nacional de Imunização é obrigatória a todos os cidadãos”.

Entre os relatos de empregados que acompanharam a apresentação online na quinta-feira é recorrente o receio em relação a isso. O temor é que, sem a exigência de comprovar a vacinação, funcionários cujas faixas etárias já tenham sido contempladas pelos calendários de imunização sejam obrigados a voltar ao trabalho presencial, enquanto empregados que, eventualmente, optem por não se vacinar seriam autorizados a frequentar o escritório. Assim, os imunizados ficariam expostos a colegas não vacinados.

O BNDES destacou entre as “medidas de segurança adotadas” no plano de volta aos escritórios o “uso obrigatório de máscaras e a observação ao distanciamento social”.

O plano de retorno não atinge a totalidade do corpo de funcionários, já que “empregados imunossuprimidos e que coabitam com pessoas imunossuprimidas ou com gestantes poderão, a seu critério, permanecer em trabalho remoto”, ao passo que “as gestantes deverão permanecer em trabalho remoto”.

Empregados “com comorbidades de risco para covid-19, lactantes e com mais de 60 anos” deverão retornar ao trabalho presencial somente a partir de novembro.

“Em relação ao trabalho remoto, está em andamento estudo para avaliação de potencial adoção do trabalho híbrido e, nesse contexto, estão sendo avaliados os quesitos de produtividade. Por fim, cabe destacar que o BNDES manterá acompanhamento constante da evolução das condições sanitárias e de indicadores associados à pandemia, ajustando o seu Plano de Retorno conforme necessário”, diz a nota da instituição de fomento.

Antes mesmo da apresentação online aos empregados, a AFBNDES, associação de funcionários do banco, criticou tanto a decisão de voltar ao trabalho presencial quanto os procedimentos anunciados pela diretoria. Para a entidade, o trabalho remoto tem funcionado bem, com boa produtividade.

No caso do retorno ao presencial, protocolos para evitar o contágio de covid-19 exigiriam limitar o número de pessoas presentes ao mesmo tempo no edifício-sede do banco a 500 pessoas – inaugurado em 1985, o prédio tem 33 andares, com área total de 90 mil metros quadrados.

Para isso, seria preciso adotar um modelo híbrido entre trabalho presencial e remoto, com rodízio de empregados. Além disso, é essencial que não seja permitida “a entrada de não vacinados” no edifício-sede, continua a nota da AFBNDES.

O banco de fomento anunciou a adoção gradual do trabalho remoto, por causa da covid-19, em 12 de março do ano passado, dias após a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificar a crise como pandemia. A partir de 20 de março, uma sexta-feira, os empregados passaram a trabalhar de casa. (Fonte: Estadão)