Com alta no crédito, Bradesco, Itaú e Santander lucram R$ 17 bilhões no segundo trimestre

Resultado representa crescimento de 67,3% em relação ao ano anterior, quando os números tiveram impacto maior da pandemia (Por Aline Bronzati e Marcelo Mota)


quinta-feira agosto 5, 2021

Os bons resultados dos grandes bancos privados brasileiros no segundo trimestre confirmam o movimento de recuperação em curso na economia, com a inadimplência sob controle e um apetite maior por crédito. No cenário macroeconômico, o aumento da inflação e uma eventual desaceleração da atividade são riscos que preocupam os banqueiros, mas a avaliação, por enquanto, é que não devem impedir o vigor dos empréstimos, diante de uma demanda reprimida em meio à pandemia.

Juntos, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil apresentaram lucro líquido de mais de R$ 17 bilhões no segundo trimestre, cifra 67,3% maior que a vista um ano antes, de cerca de R$ 10 bilhões.

Os números do período trazem uma combinação de dois fatores. De um lado, representam melhores tendências no dia a dia dos bancos, que voltam aos poucos à normalidade com a reabertura da economia e o avanço da vacinação dos brasileiros. Do outro, uma base de comparação mais fraca, uma vez que os números do ano passado tiveram impacto dos reforços nas provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs – uma forma de fazer frente ao aumento da inadimplência por conta da pandemia.

“A partir de agora já vivenciamos a perspectiva de um cenário mais próximo ao do período pré-pandemia”, disse o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari. “Continua sendo desafiador, porém mais tangível.”

Até o momento, os calotes – um dos principais temores na pandemia – seguem sob controle, permitindo aos bancos diminuírem os gastos com a inadimplência, o que impulsiona os resultados. Bradesco e Itaú mantiveram o indicador, considerando atrasos acima de 90 dias, estável no segundo trimestre em relação ao primeiro, enquanto o Santander teve leve aumento.

“Esperamos leve aumento (na inadimplência), mas abaixo do nível pré-crise, se estabilizando em 2022”, disse o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, em coletiva com a imprensa.

Apetite
Do lado do crédito, os bancos demonstram mais apetite para emprestar.  A carteira de crédito total do Itaú, por exemplo, alcançou R$ 909,1 bilhões no segundo trimestre. Em um ano, houve avanço de 12%, dando combustível para o banco melhorar suas projeções para 2021. O empurrão veio dos empréstimos às pessoas físicas, que cresceram 22,3% no período. A variação do crédito às empresas teve alta de 9,3% em um ano.

A carteira de crédito ampliada do Santander Brasil, por sua vez, terminou o segundo trimestre em R$ 510,314 bilhões, com avanço de 14,4% sobre o total registrado no fim de junho do ano passado. O impulso veio sobretudo de empréstimos concedidos a pessoas físicas e pequenas e médias empresas (PMEs).

Já a carteira do Bradesco encerrou o mês de junho em R$ 726,5 bilhões, alta de 9,9% em relação ao ano anterior. O impulso para o crédito veio das pessoas físicas, com avanço de 21% em um ano e de 5,7% no trimestre, com destaque para os segmentos imobiliário, de cartão de crédito e consignado, aquele com desconto em folha de pagamentos.

Há bons ventos também das margens financeiras e receitas de serviços. O aumento dos empréstimos – principalmente aqueles sem garantia atrelada – são um dos motores ao lado de ganhos em áreas como a de banco de investimentos, com recordes de operações de ações e de dívida, e cartões.

Enquanto isso, os grandes bancos privados seguem focados em eficiência e no reforço digital das suas operações. Itaú e Santander, por exemplo, reforçaram o time voltado à tecnologia, com a adição de 1.200 e 1.620 pessoas, respectivamente.

“O incremento se dá pela criação do canal remoto, que começa a ter impacto”, disse o presidente do Santander Brasil, Sergio Rial, que anunciou que passará o bastão em 2022 ao vice-presidente do banco, Mario Leão.

A rede de agências dos bancos privados, por sua vez, segue diminuindo – com exceção do Itaú, que já fez um movimento de redução nos últimos anos. Assim, no segundo trimestre, a estrutura de tijolos de Bradesco e Santander se reduziu em cerca de 200 pontos. Para o segundo trimestre, mais unidades devem ter suas portas fechadas, com o maior foco no digital e unidades de negócios. (Fonte: Estadão)