Depois de ter variações positivas nos dois últimos trimestres de 2020, o índice de volume do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais apresentou pequena queda (-0,2%) no primeiro trimestre de 2021. Em valores correntes, entre janeiro e março de 2021, o PIB do estado foi estimado em R$180,2 bilhões, o que representou 8,8% do total nacional. Os números foram apresentados na tarde desta quinta-feira (10/6), em webinar promovido pela Fundação João Pinheiro.
O PIB estadual teve crescimento 8,1% e 2,6%, respectivamente, no terceiro e no quarto trimestre do ano passado na análise da série com ajuste sazonal. O período coincidiu com as medidas mais restritivas da pandemia da COVID-19, o que ajudou a contribuir com o funcionamento das empresas em meio ao cenário da doença.
O desempenho desfavorável da atividade de
energia e saneamento em Minas Gerais, influenciado pela queda na geração de eletricidade, foi um dos fatores que influenciaram na queda do PIB no estado. Com isso, o volume de Valor Adicionado Bruto (VAB) do segmento recuou 6,4% na comparação com o trimestre imediatamente anterior e 8,2% em relação ao mesmo trimestre de 2020. Em âmbito nacional, o segmento expandiu 0,9% e 2,1%, respectivamente, no âmbito nacional.
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“Tanto em Minas quanto no Brasil, a crise econômica associada à pandemia da COVID-19 teve um formato em V. No país como um todo, o mergulho e a recuperação foram mais pronunciados do que no estado”, explica o coordenador de Contas Regionais da FJP Raimundo de Sousa Leal Filho..
A indústria de transformação também teve resultado negativo e contribuiu para a retração da economia mineira, com recuo de -1,7% em relação ao quarto trimestre de 2020. Os dados mostram queda do volume de produção da fabricação de papel e celulose, máquinas e equipamentos, bebidas, produtos químicos e do refino de petróleo e biocombustíveis. No Brasil, no mesmo período, a redução no volume de VAB do segmento foi de 0,5%.
Já a indústria extrativa mineral foi a atividade que apresentou a maior variação positiva no volume de VAB (7,4%) no primeiro trimestre de 2021 no estado, comparativamente ao quarto trimestre de 2020, especialmente pela evolução positiva dos preços internacionais das principais commodities minerais, sobretudo o minério de ferro. Na mesma base de comparação, a atividade de extração mineral expandiu 3,2% no âmbito nacional.
Na comparação com os três primeiros meses do ano passado, o segmento da indústria no estado apresentou resultado positivo. “No primeiro trimestre de 2021, o VAB industrial de Minas Gerais esteve 4,9% acima do observado no primeiro trimestre de 2020”, disse Leal.
Outros serviços
O agrupamento de outros serviços, que registrou queda de 0,7% nos três primeiros meses de 2021, também foi relevante para explicar o recuo do nível de atividade econômica em Minas Gerais. Enquanto esse segmento evoluiu positivamente (0,5%) na economia brasileira, na comparação com o quarto trimestre de 2020, em Minas Gerais o agrupamento vem registrando performance desfavorável e desempenho modesto nos segmentos que dependem mais diretamente do fluxo de pessoas (serviços prestados às famílias, serviços domésticos, serviços de hospedagem e alimentação fora dos domicílios e atividades turísticas).
Mesmo com resultados positivos no primeiro trimestre de 2021, as atividades de comércio (0,5%) e de transporte (1,6%) tiveram desempenho ainda inferior ao observado em âmbito nacional. No período, no Brasil, a expansão registrada para o comércio foi de 1,2% e, para o transporte, de 3,6%.
No setor agropecuário, o crescimento observado no primeiro trimestre de 2021 em Minas Gerais foi de 0,8% e, no Brasil, de 5,7%. “No entanto, na comparação com o mesmo trimestre de 2020, período em que as proporções e safras colhidas são, nesse caso, semelhantes, a expansão no estado (5,4%) foi ligeiramente superior à observada em âmbito nacional (5,2%)”, esclareceu Raimundo Leal.
A construção civil foi outra atividade em que o desempenho de Minas Gerais (3,1%) foi superior ao observado no cenário nacional (2,1%) no primeiro trimestre de 2021. Já o volume de VAB da administração pública estadual apresentou ligeira redução, de 0,1%, no primeiro trimestre de 2021, em relação ao trimestre imediatamente anterior. No país, nesse mesmo período, houve redução de 0,6% no volume de VAB.