Refinaria privatizada aumenta preços de gasolina mais que Petrobras
Empresa que administra Rlam desde dezembro reajustou gasolina em 7,40% enquanto estatal subiu seu preço em 1,85%
segunda-feira janeiro 31, 2022
O preço da gasolina e do diesel produzidos na antiga Refinaria Landulpho Alves (Rlam), em São Francisco do Conde (BA), subiu mais do que os vendidos pela Petrobras desde que a estatal transferiu a administração da planta de produção de combustíveis a uma empresa privada, a Acelen, em 1º de dezembro do ano passado.
De lá para cá, o preço da gasolina tipo A produzida na Rlam, hoje chamada de Refinaria Mataripe, subiu 7,40%. Neste mesmo período, a mesma gasolina vendida para as distribuidoras pela Petrobras subiu 1,85%.
Já o preço do diesel tipo S10, menos poluente, subiu 11,72% em postos de venda da Acelen em menos de dois meses. O diesel S500 aumentou 9,72%.
Por sua vez, a Petrobras reajustou os dois combustíveis em 7,93% e 8%, respectivamente, no mesmo período.
Preço por litro
Na última vez em que reajustou combustíveis vendidos a distribuidoras, no dia 12 deste mês, a Petrobras informou que passaria a vender gasolina a r$ 3,24 por litro e diesel a r$ 3,61 por litro, na média.
Acelen, empresa que assumiu a Rlam, vende o litro de gasolina por r$ 3,42 e do diesel por r$ 3,62, na média.
O preço dos combustíveis pode variar por conta de questões regionais de produção. Segundo a própria Acelen, no entanto, os percentuais de reajustes aplicados nesses preços estão vinculados à cotação do petróleo no mercado internacional e ao câmbio.
Esses dois fatores também influenciam os reajustes aplicados pela Petrobras, segundo sua política de paridade internacional de preços. Ainda assim, os aumentos em combustíveis vendidos pela estatal foram menores.
” Por conta do monopólio regional privado [criado com a venda da Rlam], a Acelen promove no mercado baiano e nordestino o terceiro aumento de combustíveis em detrimento dos dois reajustes da Petrobras”, dizem petroleiros baianos.
Segundo os trabalhadores, o único motivo que faz a Acelen aumentar seus preços mais do que a Petrobras é a busca por maiores lucros.
“Estamos tratando com um fundo de investimentos dos Emirados Árabes, que trata de recursos do fundo soberano de Abu Dhabi. Então, o retorno tem que ser financeiro e imediato, custe o que custar. Se isso vai custar maiores preços para a população baiana e nordestina, isso não importa”, criticam.
A Acelen foi questionada pelo Brasil de Fato sobre a diferença nos reajustes aplicados pela companhia e pela Petrobras, mas não se pronunciou sobre o assunto. Em nota, a empresa declarou que sua “política de preço é independente, preserva a competividade e é amparada em critérios técnicos e transparentes”.
Fonte : Brasil de fato