Ata do Copom confirma projeção de 10,2% para inflação até o fim do ano

BC avaliou ajuste maior que 1,5 ponto na Selic e cenário de juro alto por mais tempo. Documento divulgado nesta terça-feira (14/12) aponta taxa básica de juros a 9,25% ao ano em 2021 e traz estimativas de inflação a 5% e 3,5% para os anos de 2022 e 2023


quarta-feira dezembro 15, 2021

Apesar da ligeira redução nas expectativas para a inflação de 2021, apontadas no boletim Focus na segunda-feira (13/12), o Banco Central manteve a projeção de inflação deste ano em 10,2% e apontou que a taxa básica de juros (Selic) deverá encerrar 2021 a 9,25% ao ano, conforme sinalizado pelo colegiado na última semana. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada na manhã desta terça-feira (14), destaca as projeções de inflação do mercado financeiro para os anos de 2022 e 2023, em torno de 5,0% e 3,5%, respectivamente.

No documento produzido em encontro realizado nos dias 7 e 8 de dezembro, o Copom confirma que os números são “acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”.

Entre os fatores que colaboraram com mais uma alta nas projeções, a autoridade monetária destaca o conturbado cenário externo que envolve os bancos centrais das principais economias do globo, a crise imobiliária na China e a possibilidade de uma nova onda da covid-19 durante o inverno, após o aparecimento da variante ômicron. Esses fatores, na avaliação do Copom, “adicionam incerteza quanto ao ritmo de recuperação nas economias centrais” e “geraram quedas nos preços de commodities importantes”.

O Copom também aponta como fator determinante para a revisão para baixo das expectativas para a atividade econômica no curto prazo, a queda inesperada no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre deste ano. Segundo consta na ata, haverá elevação no prêmio de risco (que poderá afastar ainda mais os investidores no país), o que, aliada ao aperto mais intenso das condições financeiras da população, poderá manter o desestimulo à atividade econômica em 2022.

Ainda de acordo com o comitê, a inflação deverá seguir elevada, mantendo a alta nos preços dos bens industriais no curto prazo. O colegiado destaca, porém, a aceleração no setor de serviços.

De acordo com a trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus com a taxa de câmbio a R$5,65 (USD/BRL), no cenário básico, a Selic deverá evoluir em paridade com o poder de compra (PPC), e as projeções de inflação do Copom situam-se em 10,2% para 2021, 4,7% para 2022 e 3,2% para 2023. “Esse cenário supõe trajetória de juros que se eleva para 9,25% ao ano em 2021 e para 11,75% durante 2022, terminando o ano em 11,25%”, diz nota técnica assinada pelos membros do colegiado. Para 2023, a inflação prevista é reduzida para 8,00% a.a.

Ainda na manhã desta terça, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participará de palestra promovida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o “Panorama Recente da Atuação do Bacen na Condução da Política Monetária”, em que deverá reforçar e comentar pontos da ata do Copom. (Fonte: Correio Braziliense)