Covid deixou 45% dos moradores de favelas sem emprego, mostra FGV

Quase metade dos moradores que vivem em favelas, em seis estados brasileiros, ficaram sem trabalho durante a pandemia da covid-19. É o que mostra um estudo feito pelo FGV (Fundação Getulio Vargas) em parceria com a ONG TETO, que também revelou que 46,5% das famílias das regiões carentes de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Paraná e Minas Gerais estão tendo dificuldade para comprar comida e 58% delas deixaram de comprar alimentos habituais de suas rotinas.


terça-feira novembro 9, 2021

A pesquisa ainda revelou que 60% dos moradores recebiam o Auxílio Emergencial do governo e 56% deles afirmaram que tiveram ajuda de ONGs e entidades afins. Para chegar nesse resultado foram feitas 524 entrevistas quantitativas em 31 comunidades brasileiras, e 56 pesquisas qualitativas com lideranças comunitárias em 2020.

O estudo foi dividido em sete temáticas principais:

  • Infraestrutura precária e acesso à água; 
  • Adesão às práticas de isolamento físico/social; 
  • Emoções (dimensões de saúde mental e bem-estar subjetivo); 
  • Vulnerabilidades (econômicas e sociais); 
  • Políticas públicas; 
  • Capacidades comunitárias; 
  • Solidariedade

No quesito emoções, analisado pela pesquisa, observou-se que as famílias estão sofrendo perdas emocionais consideráveis por causa da solidão, isolamento e falta de emprego. No item adesão às práticas de isolamento, apenas 9% disseram que evitaram aglomerações e 6% mantiveram os distanciamentos, mas a maioria afirma ter usado máscaras (72%), lavado as mãos (55%) e passado álcool em gel (55%).

Para os entrevistados, os piores motivos para manter o isolamento social foram:

  • Falta de lazer (30%); Falta de trabalho e renda (22,7%); 
  • Solidão e depressão (14,7%); 
  • Infraestrutura da moradia (5,6%); 
  • Fome (2,7%). 

Para o pesquisador da FGV Cepesp, Leonardo Bueno, as questões relacionadas à moradia precária e aglomeração urbana foram as principais responsáveis pelo agravamento do quadro de exposição ao vírus dessas pessoas. “Foi difícil para essa população se manter isolada e protegida no auge da crise. As moradias de emergência aliviaram a pressão sobre bem-estar psicológico, mas tiveram pouco efeito sobre medidas de prevenção contra a Covid-19”, disse em nota. (Fonte: UOL)