FICAR EM CASA DÁ TRABALHO, MAS HOME OFFICE DEVE PERMANECER, DIZEM PESQUISAS

O home office deixou de ser exceção e deve permanecer depois que a pandemia passar (Por Diogo Antonio Rodriguez)


sexta-feira junho 4, 2021

Desde que a pandemia da covid-19 chegou ao Brasil, milhões de pessoas mudaram sua rotina profissional a fim de evitar a circulação do novo coronavírus. A partir de março de 2020, quem tinha a possibilidade de executar suas tarefas em casa, passou a experimentar o que antes era a exceção: o trabalho remoto.

De acordo com a pesquisa FIA Employee Experience (FEEx), 90% das empresas aderiram a alguma modalidade de home office – os dados foram colhidos no segundo semestre de 2020, a partir de questionários respondidos por 213 empresas em todo o território nacional.

A pesquisa, que faz parte do Prêmio Lugares Incríveis Para Trabalhar, uma parceria da Fundação Instituto de Administração (FIA) com o UOL para reconhecer as organizações que têm as melhores práticas em gestão de pessoas, também revela que, antes da pandemia, menos da metade das empresas (43%) ofereciam alguma opção de trabalho à distância – e somente 7% dos 150 mil funcionários que responderam os questionários já estavam em home office, parcial ou integralmente, antes da pandemia. Segundo o consultor Luiz Gustavo Mariano, sócio da consultoria empresarial FLOW, “a pandemia veio para acelerar e consolidar esse processo de migração para o trabalho remoto. Até porque a sobrevivência dos negócios passou a depender disso.”

Empresas como Bmg, Roche e Nestlé adotaram o home office na pandemia e, em diferentes medidas, continuarão com essa opção mesmo depois que a covid-19 estiver controlada e as pessoas puderem circular livremente pelo país.

No banco Bmg, o programa de trabalho remoto era “tímido” antes da pandemia, nas palavras de Alexandre Winandy, diretor de digital e marketing. A empresa tinha “um certo grau de dúvida sobre a efetividade de aplicar em escala” relembra. “O programa era descentralizado e a agenda dos dias de home office e de trabalho presencial era combinada diretamente com o gestor”.

A empresa estava se estruturando para fazer um teste, colocando metade dos colaboradores no regime presencial e a outra metade no remoto. Por causa da pandemia, os planos mudaram e todos os funcionários foram para o home office. Mesmo atestando que as equipes relatavam altos índices de satisfação com a mudança (94%), a empresa decidiu procurar soluções e alternativas para problemas encontrados na transição.

Os dados levantados pela FEEx confirmam que esse cenário é comum. Na pesquisa, 91% dos funcionários avaliaram a experiência em home office como ótima ou boa. E 60% das empresas relataram dificuldades relacionadas ao trabalho à distância na pandemia. As principais delas foram disponibilidade de equipamentos (relatado por 33% das empresas), adaptação dos funcionários (30%) e conexão de internet (27%).

Para resolver os seus problemas, o Bmg, adotou medidas como redução na comunicação por e-mail; criação de happy hours virtuais a fim de aumentar a interação entre os funcionários; ampliação do programa de atendimento psicológico para ajudar a lidar com o estresse causado pelo isolamento; auxílio para custear internet e luz; e fornecimento de mobiliário de escritório.

A farmacêutica Roche oferecia um dia de trabalho remoto por semana antes da pandemia. A transição para 100% do tempo em casa foi complexa, explica Patrick Eckert, presidente da Roche Farma Brasil. “Não posso negar que tivemos um período sensível de adaptação no início da pandemia. É normal que, diante dos inúmeros desafios que estamos vivendo, em alguns dias a produtividade seja comprometida. Decidimos aceitar essa realidade para que os colaboradores se sintam amparados e acolhidos.”

Como forma de colocar isso em prática, Eckert relata que a liderança da empresa desenvolveu diretrizes para o trabalho remoto que incluem reforçar a importância de manter as reuniões entre 9h e 17h, respeitar os horários de almoço, reservar tempo para auxiliar os filhos com as atividades de escola, entre outros temas.

A Nestlé também investiu em cuidar dos funcionários. “O maior desafio foi ter velocidade para ampliar e flexibilizar alguns programas que já existiam e implantar outros novos voltados ao bem-estar de nossos colaboradores e familiares. Entendemos que as iniciativas deveriam ser expandidas também aos familiares, aos aposentados e até mesmo para outras pessoas que participam de toda a cadeia de valor”, diz Kátia Regina, head de remuneração e benefícios da empresa. Os programas de bem-estar da empresa, explica, oferecem uma “rede de apoio permanente, formada por médicos, enfermeiros, educadores físicos, nutricionistas e psicólogos.”

Embora as mudanças e desafios impostos pela obrigação de trabalhar remotamente sejam grandes, Mariano aponta que o home office é a ponta do iceberg. “O que está por trás disso é uma mudança estrutural na forma como líder e liderado, colaborador e empreendedor vão se relacionar daqui para frente.”

Seja num modelo totalmente remoto ou híbrido, afirma o consultor, os colaboradores terão um novo papel. “Em vez de simplesmente executar tarefas sem chance para o erro, os profissionais terão espaço para se corrigir e evoluir. Isso é uma grande vantagem, mas também exigirá que eles ‘desmamem’ cada vez mais do chefe – o que demanda maturidade dos dois lados.” (Fonte: UOL)

Notícia SEEB-MURIAÉ